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sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

JUSTIÇA X MISERICÓRDIA


Jonas: Entre a Justiça e a Misericórdia

"Veio a palavra do Senhor a Jonas, filho de Amitai, dizendo: 

Dispõe-te, vai à grande cidade de Nínive e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até mim. 

Jonas se dispôs, mas para fugir da presença do SENHOR, para Társis; e, tendo descido a Jope, achou um navio que ia para Társis; pagou, pois, a sua passagem e embarcou nele, para ir com eles para Társis, para longe da presença do Senhor." (Jonas 1:1-3)

A história do profeta Jonas tem momentos ao mesmo tempo dramáticos e curiosos, a começar por esta passagem quando é chamado pelo Senhor para ir à cidade de Nínive.

Nínive era a capital do império assírio, portanto, terra de gentios. As características do povo de Nínive apontavam para uma nação pagã, habitada por gente cruel e terrivelmente pecadora, com um detalhe: eram os assírios inimigos históricos do povo de Israel.

A missão do profeta Jonas era ir a esta cidade e pregar contra os seus pecados, anunciando-lhe o juízo de Deus sobre ela. 

A reação de Jonas parece engraçada, mais revela o quanto a missão que o Senhor lhe dava mostrava-se dura para ele. 

Jonas, então, vai para Társis, uma cidade espanhola, com a ingênua pretensão de fugir do alcance dos olhos de Deus, como se isso fosse possível!

Sendo Nínive como era, dá para imaginar como deve ter batido o coração de Jonas ao ouvir do Senhor qual seria a sua tarefa! 

Era como se os palestinos recebessem hoje a ordem de ir aos judeus e lhes pregar uma mensagem de arrependimento. 

Era como se pedissem aos judeus massacrados pelo holocausto que fossem aos nazistas alemães para lhes entregar uma profecia de Deus que poderia resultar na própria salvação dos seguidores de Hitler. 

Ou ainda como se fosse ordenado aos iraquianos que fossem promover a mudança de atitude dos americanos apenas com uma pregação de arrependimento. 

Era também com se falassem aos americanos para ir aos membros da Al Qaeda e lhes anunciar que precisavam voltar atrás em suas atitudes.

Todos sabem a história e, mesmo que tentasse fugir para Társis, após parar na barriga de um grande peixe, Jonas acaba em Nínive e, agora obediente à voz do Senhor, prega para aquele povo.( Jn 3:4) narra:

"Começou Jonas a percorrer a cidade caminho de um dia, e pregava, e dizia: Ainda quarenta dias, e Nínive será subvertida." 

Para a surpresa de Jonas, aquele povo pagão se arrepende dos seus pecados.

 O verso 5 do cap.3 diz:

"Os ninivitas creram em Deus, e proclamaram um jejum, e vestiram-se de panos de saco, desde o maior até o menor." 

Já o verso 6 mostra que aquela mensagem tocou também o coração de quem governava os assírios ninivitas:

"Chegou esta notícia ao rei de Nínive; ele levantou-se do seu trono, tirou de si as vestes reais, cobriu-se de pano de saco e assentou-se sobre cinza." (|Jonas 3.6)

Sinais externos que antes eram vistos apenas no povo escolhido de Deus passaram a ser contemplados no povo de Nínive, pois aqueles assírios proclamaram um jejum, vestiram-se em panos de saco e assentaram-se sobre cinzas.

O resultado do arrependimento dos ninivitas foi a misericórdia de Deus sobre eles, (Jn 3:10) diz:

"Viu Deus o que fizeram, como se converteram do seu mau caminho; e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria e não o fez." (Jonas 3.10)

O resultado da sua própria pregação provocou em Jonas um sentimento de descontentamento. 

Jonas queria que a justiça de Deus fosse executada sobre aquele povo e não Sua misericórdia, queria também que a sua profecia fosse levada à prática e não o perdão do Senhor. Afinal, os pecados daquela gente eram os mais cruéis, inclusive os cometidos sobre os concidadãos de Jonas. 

Ao orar a Deus, o profeta revela a razão pela qual não queria ir à Nínive:

"E orou ao Senhor e disse: 

Ah! SENHOR! Não foi isso o que eu disse, estando ainda na minha terra? 

Por isso, me adiantei, fugindo para Társis, pois sabia que és Deus clemente, e misericordioso, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e que te arrependes do mal. 

Peço-te, pois, ó Senhor, tira-me a vida, porque melhor me é morrer do que viver." ( Jn 4:2-3).

Jonas preferia a morte a ver aquele povo salvo. 

Na sua mente não era justo que gente que matou, violentou e humilhou seus irmãos judeus fosse salva, eles tinham mais é que morrer!

O profeta não queria ir àquela nação justamente porque sabia que Deus era "clemente e misericordioso," ele não queria correr o "risco" de que os assírios moradores de Nínive se convertessem do seu mau caminho.

É incrível como este sentimento de Jonas permanece vivo em muitos corações ainda hoje! 

Não é difícil encontrarmos pessoas que defendem a morte para os criminosos, que pensam que a melhor solução seria exterminar do nosso meio aqueles que não se enquadram no nosso padrão de comportamento. 

Querem a justiça, não a misericórdia.

Não estou propagando que não devemos ansiar por justiça, mas estou querendo mostrar o quanto nós somos falhos em exercer misericórdia.

Você já parou para imaginar que nós somos como os assírios de Nínive: muito mais carentes da graça de Deus do que de Sua justiça? 

Você já pensou o que seria de nós se, em vez de misericórdia, o Senhor exerce sobre nós a Sua ira?

O profeta Jeremias falou que, "as misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos" (Lm 3:22), é em função de termos um Deus clemente que nós não perecemos! 

A palavra misericórdia vem da junção de dois termos do latin que querem dizer miséria e coração. 

Isso nos mostra que Deus colocou seu coração nos miseráveis e a condição de pecadores nos faz assim, miseráveis. 

Paulo, ao mencionar a sua falibilidade, exclamou: "Miserável homem que eu sou!..." (Rm 7:24 - ARC)

Enquanto justiça significa dar a cada um o que merece, misericórdia significa dar a cada pessoa o que ela precisa.

Jonas não conseguia entender que a graça de Deus se estende a todas as criaturas. (Jn 4:6-11) conta-nos o seguinte:

"Então, fez o Senhor Deus nascer uma planta, que subiu por cima de Jonas, para que fizesse sombra sobre a sua cabeça, a fim de o livrar do seu desconforto. 

Jonas, pois, se alegrou em extremo por causa da planta. 

Mas Deus, no dia seguinte, ao subir da alva, enviou um verme, o qual feriu a planta, e esta se secou. 

Em nascendo o sol, Deus mandou um vento calmoso oriental; o sol bateu na cabeça de Jonas, de maneira que desfalecia, pelo que pediu para si a morte, dizendo: Melhor me é morrer do que viver! 

Então, perguntou Deus a Jonas: É razoável essa tua ira por causa da planta" .

Ele respondeu: É razoável a minha ira até à morte. 

Tornou o Senhor: Tens compaixão da planta que te não custou trabalho, a qual não fizeste crescer, que numa noite nasceu e numa noite pereceu; e não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive, em que há mais de cento e vinte mil pessoas, que não sabem discernir entre a mão direita e a mão esquerda, e também muitos animais?" (Jonas 4.6-11)

Esta passagem mostra que o profeta soube dá mais valor a uma árvore do que a quem foi criado à imagem e semelhança de Deus. 

Deus, ao contrário, lhe mostrou que aquelas suas 120 mil criaturas em Nínive precisavam mais da misericórdia dEle do que da Sua ira.

Na oração do Pai Nosso Jesus nos mostrou que por recebermos graça, precisamos dar graça, por recebermos perdão, precisamos perdoar. 

Porque recebemos misericórdia da parte de Deus, devemos dispensar misericórdia àqueles que Deus ama tanto quanto a nós, ainda que no nosso olhar eles mereçam sofrer. 

É só lembrar que recebemos de Deus o que nós precisamos e não o que nós merecemos.



Pb Donizeti (Um servo do Senhor Jesus a serviço do reino de Deus)

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