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terça-feira, 5 de abril de 2016

A bolsa e seu guardião

O beijo de Judas, pintura anônima do século XII.
"Foi, pois, Jesus seis dias antes da páscoa a betânia, onde estava Lázaro, o que falecera, e a quem ressuscitara dentre os mortos. Fizeram-lhe, pois, ali uma ceia, e Marta servia, e Lázaro era um dos que estavam à mesa com ele. Então Maria, tomando um arrátel de ungüento de nardo puro, de muito preço, ungiu os pés de Jesus, e enxugou-lhe os pés com os seus cabelos; e encheu-se a casa do cheiro do ungüento. Então, um dos seus discípulos, Judas Iscariotes, filho de Simão, o que havia de traí-lo, disse: Por que não se vendeu este ungüento por trezentos dinheiros e não se deu aos pobres? Ora, ele disse isto, não pelo cuidado que tivesse dos pobres, mas porque era ladrão e tinha a bolsa, e tirava o que ali se lançava. Disse, pois, Jesus: Deixai-a; para o dia da minha sepultura guardou isto; Porque os pobres sempre os tendes convosco, mas a mim nem sempre me tendes."
João 12.1-8, grifo nosso.

Judas Iscariotes, um dos escolhidos de Jesus, parece até um contradição. Contudo, ele prefigura uma situação comum em nossos dias: pessoas escolhidas por Jesus para o seguir, mas que não escolheram escolherem seguir e sim acompanhar.

Tinha em si um espírito mesquinho mesquinho e egoísta, vendo em tudo só o valor monetário, o dinheiro, ou Mamon como Jesus cita.

Sua preocupação era com as coisas deste mundo, desta vida, naquilo que podia ser apalpado, carregado, roubado.

A "bolsa", do grego glôssokomon, era onde se guardava o dinheiro oferecido a Jesus e aos discípulos por pessoas que queria ajudá-los (Lc 8.2,3).

O ministério itinerante de Jesus e seus doze percorria todo o Israel, era sustentando financeiramente por doações de pessoas agradecidas, piedosas e que se encontravam entre os seguidores durante os períodos antes da prisão, escárnio, vitupério e crucificação.

Por que Jesus permitia isso?

A provação de todos os outros apóstolos foi no âmbito espiritual, pois já haviam se desprendido de muitas coisas materiais, se preocupavam, mas não estavam presos a elas.

Já Judas, não. Sua provação foi no âmbito material, pois ele estava completamente ainda apegado ao físico, ao ter e não com o ser. Foi reprovado.

Jesus poderia ter feito algo por ele?

Sim e não. Existe a questão profética de um traidor em meio ao ministério do Cristo, assim como na situação da traição de Pedro houve arrependimento sincero. Judas sente remorso e se entrega ao mesmos espírito que o levou a entregar a Jesus, Satanás.

Vigiemos, vigiemos! Qual tem sido o nosso nível de provação? Será ela espiritual? Será ela material?

Que o Senhor nos guarde.

Glossário.
  • Judas Iscariotes - Em hebraico יהודה איש־קריות, Yehudhah ish Qeryoth; (em grego bíblico Iouda Iskariôth ou Iouda Iskariotes) foi um dos doze apóstolos de Jesus Cristo, que, de acordo com os evangelhos canônicos, veio a ser o traidor que entregou Jesus aos seus captores por trinta moedas de prata e, entrando em desespero, enforcou-se e condenou-se ao inferno segundo as tradições católica e ortodoxa. Judas, em grego Ioudas, é uma helenização do nome hebraico Judá (יהודה, Yehûdâh, palavra que significa "abençoado" ou "louvado"), sendo, por sinal, o nome de apóstolo que mais vezes aparece nos Evangelhos (vinte vezes) depois do de Simão Pedro.
  • Mamon - É um termo, derivado da Bíblia (Mt 6.19-24), usado para descrever riqueza material ou cobiça, na maioria das vezes, mas nem sempre, personificado como uma divindade. A própria palavra é uma transliteração da palavra hebraica "Mamom" (מָמוֹן), que significa literalmente "dinheiro".

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